segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ave Rara (Jen Ray)







Jen Ray (1970) natural de Raleigh, Carolina do Norte é uma ilustradora residente em Perrlin representada pela galeria Jan Wentrup. Tomei contacto com o trabalho dela a partir de desenhos e um vídeo apresentado na Kamel Mennour em Paris, uma animação simples (quase um video-clip) de desenhos alucinantes que recuperam uma certa estética gráfica de setentas (vampes, prismas e plasma).
"No centro do trabalho de Jen Ray descobrem-se desenhos onde as mulheres têm o aspecto de Amazonas dominadoras de um mundo fantástico" - Pois, porque também parece existir ali algo do universo paisagístico de Roland Topor. "Sob a aparência de uma inocência feérica surgem ao contrário obcessões compulsivas e perversões luxuriantes. A decadência, como um revelador extremo do Romantismo, impregna os seus desenhos dentro de uma relação barroca de forças, entre a joie de vivre e a vanitas." (da press release).
O trabalho de Ray vai deambulando, provocador e surpreendente, numa encruzilhada entre a coreografia nonsense do Yellow Submarine e a atmosfera sado-masoquista de Crepax com algo dos excessos de caracterização de algumas pop-star dos anos oitenta. A liberdade associativa que se lê no modo como constroi a pequenas dramaturgias "em parada" nos seus desenhos, abre-lhe um campo de exploração muito particular e individualizado, que, se de algum modo deve às fantasias tardo-psicadélicas o seu universo gráfico, por outro tem também uma relação com a moral do universo libertário da política sexual pós-68. Como em Barbarella, a rainha da galáxia, O trabalho da artista parece gerar-se de uma cat-walk surreal liberta e em veia celebratória.

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