Hoje decidi visitar galerias, tinha algumas moradas assinaladas no mapa e era preciso apenas encontrá-las. Vi coisas bastante desinteressantes (e galerias são sempre galerias, mesmo aqui em Paris) até entrar numa que desconhecia mas onde acabei por me deixar surpreender.
Muito embora trabalhem juntos há já 15 anos esta é apenas a 2ª exposição em galeria do colectivo de 5 artistas suiços KLAT. Este colectivo optou sempre por apresentar o seu trabalho em espaços públicos (museus municipais, espaços culturais alternativos). A peça exposta é realmente intrigante e a experiência de estar neste espaço fica-nos na memória o dia inteiro. Numa sala escura e cheia de vapor, encontramos acesas 6 velas coloridas de grandes dimensões que mimetizam gestos simbólicos que fazemos com as nossas mãos. Estas esculturas que se vão desfazendo estão acentes em construções de diferentes alturas feitas com tijolos. Na altura, perante o meu desconhecimento em relação ao trabalho deste colectivo e há falta de informação que a folha de sala fornecia relativamente a esta peça, deixei-me ficar a olhar para este corpo estranho, seduzida pela sua estranheza. Fiz os meus jogos mentais acertados ou não, mas a experiência de fruição ficou. E não será isso que muitas vezes falta?
"... By building houses and spaces in witch to work, think, rest and party, Klat has managed to make the scene French-speaking Switzerland a fun, open, clever space inhabitable by all." Fabrice Stroun
KLAT
Ex caligine, nova insigna : anaphoros Gegenschein
Curated by:Fabrice Stroun
Galerie Laurent Godin
5 rue du Grenier Saint-Lazare75003 Paris
Ex caligine, nova insigna : anaphoros Gegenschein
Curated by:Fabrice Stroun
Galerie Laurent Godin
5 rue du Grenier Saint-Lazare75003 Paris
Eu tenho um pensamento a partilhar acerca do primeiro parágrafo deste texto.
ResponderEliminarEu acredito que a interpretação de uma obra de arte é afecta à singularidade das coisas que são intensas para cada um. No entanto eu acho que como o objectivo do(a) artista é o de mostrar um artifício a um grupo de espectadores aleatórios, ele(a)terá que se sujeitar a inúmeras interpretações, mas na mina opinião estas interpretações podem ser encurtadas se o objectivo do(a) artista com aquele objecto foi atingido. E agora devem-se estar a perguntar porque falo de objectivos, mas eu passo a explicar.
Quando vejo uma obra e sinto que o assunto daquele objecto tem a ver com o narcisismo, por exemplo, e depois venho a ter conhecimento que afinal o assunto era sobre outra coisa que não tinha nada a ver com aquilo que senti, considero, portanto, que aquele objecto ainda tinha elementos que perturbavam uma leitura objectiva do espectador sobre a obra. Podíamos estar por isso perante uma obra inacabada. Daí haver algumas exposições que classificamos de interessantes e outras desinteressantes. Julgo que estes dois factores que estão inerentes à interpretação de uma obra, são válidos, mas também sujeito-me a convergir com pessoas que pensem o contrário ou que não concordem na totalidade com isto, mas é exactamente isso que consiste uma democracia - juízos de valores singulares.
Referindo-me agora a esta exposição do colectivo de artistas suíços KLAT, o que me parece a mim, que absorvo apenas duas imagens e uma crítica a uma exposição, é que houve uma preocupação estética do colectivo que pode ter sido perdida na instalação dos objectos naquele espaço, mas como sinto um apelo destes mesmos objectos à minha presença física, deixo o meu comentário por aqui.
Gostava de dizer que sou um "newcomer" deste projecto, um infinito ao espelho, e parece-me muito bem. Conheço-o, digamos, há não mais de 2 horas. Gosto dos objectivos, são bastante pertinentes, e semelhantes ao projecto Arthoughts. Fico agradado por esta iniciativa e anseio por uma futura colaboração entre os dois projectos.
Jorge Reis
projecto Arthoughts
Administrador