domingo, 18 de janeiro de 2009

Pollock e os Índios

Indio Navajo com Máscara

« A partir du 15 octobre 2008, la Pinacothèque de Paris présente, pour la première fois à Paris depuis 26 ans, un ensemble exceptionnel d'oeuvres du peintre expressionniste abstrait Jackson Pollock inspiré par le chamanisme amérindien. »

A exposição tem um enfoque maioritário sobre a génese surrealista do jovem Pollock (justapõe-se a Masson) e esforça-se por demonstrar a relação da sua pintura com as práticas dos índios Navajo. No blogue Lunettes Rouges critica-se a exposição no modo como se cola demasiado a essa hipótese. Ao confrontarmo-nos com pintura como a de JP não podemos levar qualquer referência extra-pictórica como "a" determinante num processo que acabaria por se tornar a força visual e icónica no seu período mais conhecido, o do dripping. De uma colagem inicial a um surrealismo esventrado o modo de se fazer pintura alimentou-se sobretudo de uma forma de ser corpo, temperamento. Mas as referências culturais, neste caso "tribais" actuaram também. A influência xamanista pode ler-se tanto ou nível do visceral representado mas também ao nível do abandono ébrio contido no seu temperamento e que se emulava no acto de pintar, transmitido e experimentável por nós, tanto na sua obra mais figurativa, pela violência do gesto, como na “dança” que parecia executar sobe as suas últimas arenas. De qualquer modo afigura-se por vezes como um verdadeiro petisco para o analista a rápida ligação do artista ao transcendente ou ao enactment dessa relação como sacerdote, o keeper of secrets. A realidade é técnica; a pintura para o pintor é um lugar imediato de construção e permanente avaliação onde os critérios pouco ou nada têm a ver com a religião. Eventualmente, para compormos o outro lado do conto pode-se admitir o surgir da fantasia própria da contemplação narcísica do autor perante a sua obra, o lugar por onde todas as relações se realizam. Para ter a certeza sobre se a coisa é assim ou assado, nada como enfiar-se num Sud Express até 15 de Fevereiro e allez hop!

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