domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril de 2010


Na minha última estada em Itália, e em conversa com outros artistas e curadores italianos, tornou-se claro que a relação histórica com a arte, que toma a atenção de muitos artistas da Europa do Sul, é suprimida pela concepção anglo-saxónica da arte contemporânea.
A arte contemporânea na sua construção rizomática, coloca tudo à tona, com o mesmo valor, criando um entendimento estético, da superfície, negando uma progressão intelectual, a partir de um conjunto de dados adquiridos no passado, que nos dão um certo grau de responsabilidade e um certo grau de liberdade.
Por outro lado em conversa com uma amiga, do mundo da arte, que tem esse modo de pensar anglo-saxónico foi-me dito que as revoluções não servem para nada.
O nosso barco continua à deriva.

1 comentário:

  1. Isso talvez aconteça por uma questão de "momento". Os povos da Europa do Sul tiveram o seu na Antiguidade ou há uns séculos atrás. Para povos com um Passado "menos grandioso" e/ou que estiveram mais activos na sua reconstrução e identidade, após a Segunda Guerra importa mais o "aqui e agora". É de diálogos e pensamento crítico sobre a actualidade que surgem novos pensamentos sobre o que é ser-se hoje e o que é a Arte. Talvez, e olhando específicamente para o caso português, o facto de não termos uma consciência do nosso passado recente faz com que se olhe para o que se pensa ser o passado estável nacional (palavra perigosa) e se faça sempre alguma exaltação desse passado.
    O maior desafio da Arte Contemporânea portuguesa seria arriscar um período modernista, sem estar agarrado a esse passado, mas que de alguma forma criasse uma ligação a esse passado-recente muitas vezes desconhecido e a actualidade. Isso é atingido pela via literária, quando ao lermos Eça de Queiroz, por exemplo, ganhamos a consciência que enquanto povo, mudámos muito pouco nos últimos 120-130 anos. A Arte Contemporânea poderia ajudar a criar essa reflexão, em vez de fazer um esforço para se tentar inscrever num panorama internacional, do qual só tem uma relação pela via dos meios de comunicação massificados.

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