segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Positivo

É talvez a palavra que consigo encontrar para a edição da Arte Lisboa, que acabou ontem, Domingo.

Por outro lado sentiu-se algo que se esperava: a ausência de riscos, "factores surpresa" e alguma ansiedade relativamente às vendas atingidas na feira.
No entanto, a avaliar pelas indicações de reserva em cada um dos stands, essa diminuição de risco e a qualidade geral da feira não foi indiferente aqueles que continuam a apreciar arte e têm disponibilidade económica para a comprar.
Justifica-se. A qualidade dos espaços de exposição era apelativa; a selecção das obras, tanto por artistas como galeristas era em geral bastante boa.
Houve o cuidado de se fazer uma selecção diversa tornando cada stand num lugar bastante ecléctico - quando visto de um ponto de vista positivo ou optimista (mais do que uma leitura poderá ser feita).

Faltou no entanto o "ponto de encontro".
Normalmente esse espaço existia em forma de conferências. Este ano não foram realizadas.
Em parte, imagino, para que se evitasse o cair em discursos miserabilistas, quando nos stands se tentava demonstrar justamente o contrário: que o mercado estava vivo e está para ficar, apesar das contrariedades.
Este ano optou-se por manter apenas os Projectos - comissariados por Filipa Oliveira.
Se o risco calculado nos stands das galerias é compreensível, dadas as condições do mercado, já nos Projectos esperava-se que pudessem criar alguma margem de possibilidades não calculadas; com alguma irreverência, não bastando reproduzir a mesma ausência de risco verificada no andar inferior. Por outro lado, compreende-se. Embora o espaço do Terraço seja agradável ao visitante oferece algumas limitações e impede a realização de um arranjo muito diferente do que foi possível realizar.
De salientar ainda a participação da Inc, loja especializada em edições de arte e de artistas, onde se destacavam as obras de Pires Vieira e Miguel Palma; sentiu-se no entanto a falta de outras obras ou projectos, que têm estado activamente a talhar a face artística nacional. A pergunta é se ali seria exactamente o melhor espaço, para o fazer?
Deve o mercado operar como entidade autónoma, ou será igualmente necessário que outros projectos como espaços dito alternativos e de pesquisa artística pudessem fazer parte da mesma iniciativa?

Ainda assim, a escolha da organização da feira relativamente ao Pavilhão da Antiga FIL revelou-se acertada. O desenho dos stands e a ocupação do espaço não deu lugar a espaço supérfluo tendo sido bem aproveitado pelas galerias participantes.

Voltando ao "andar de baixo", todas ou a maioria das galerias activas portuguesas estava representada. Pena é, que "antigos diferendos" ainda afectem a não participação de algumas galerias nacionais. É um impacto que dificilmente poderá ser medido, mas que deixa algumas marcas de desconfiança sobre o próprio mercado de Arte Contemporânea, por eventuais compradores. A bem desse mercado, que no fim diz respeito a todos, seria de todo o interesse que essas divergências pudessem ser ultrapassadas.

Finalizando, ainda que a situação económica actual não seja a mais favorável, a organização, bem como as galerias que participaram e os artistas que representados provaram que é possível realizar um evento deste género no país e ainda atrair visitantes e eventuais compradores.
Mesmo que as vendas da feira não sejam representativas para os directamente envolvidos, espero que estes dois últimos factores mencionados possam continuar a manter as suas expectativas.

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