segunda-feira, 4 de maio de 2009

À Esquerda do Partido Comunista Português
















Rápido e eficaz. Propaganda em esplendor. Bastaram cerca de trinta anos para colocar sobre a produção gráfica troto-mao-marxista o véu diáfano da estesia. Foi o que senti ao percorrer a exposição que esteve na Zé dos Beuys nestes últimos das de Abril. Uma vasta colecção de publicações e bastantes cartazes, alguns reproduzidos nas paredes, permitiram recordar ou ver pela primeira vez (dependendo da idade dos visitantes) o que se passou por cima das paredes das cidades, vilas e aldeias do país até ao fim do PREC. No meio podiam-se observar algumas preciosidades gráficas onde o habitual era a adaptação à realidade portuguesa da matriz do cartaz de propaganda chinês. foi um evento discreto mas poderoso e que me re-abriu a vontade de repensar os lugares possíveis para a revolta expressa. No último andar da exposição e a coroá-la o filme da Ana Hatherly foi um monumento de justeza política, histórica e poética. Há algo de urgente que fica no ar e que me faz pensar na irrelevância de muita da produção cultural contemporânea perante o surto anónimo e colectivo de força demiúrgica daqueles dias.

Passámos a seguir pela Vinte e Quatro de Julho, a antítese, onde um anúncio assaz foleiro para vender walkie-talkies substitui, hoje em dias de novas fomes, um anúncio de cerveja que por sua vez substituiu a última das grandes pinturas murais (morais) maoístas dos tempos da revolução. Que esterco de primavera!

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