Foi há 25 anos. José Miranda Justo organizou uma exposição de artes plásticas na Faculdade de Letras de Lisboa intitulada "Atitudes litorais" , que me marcou muito à posteriori.
Dado que todos os textos no catálogo (artistas participantes e organizador) são todos de artistas resolvi em jeito de homenagem fazer a ponte entre os anos 80 e hoje transcrevendo e publicando n' "O infinito ao espelho" trechos e algumas imagens do catálogo.
Capa: José Miranda Justo sobre fotografia de Luís Campos
A propósito de um litoral e de algumas atitudes - José Miranda Justo
"(...) Depois de nos terem ensinado que "toda a actividade humana é discursiva", depois de termos repetido todas as definições que, de um ou de outro modo, resumem o antropológico ao simbólico e ao discursivo, depois de imaginarmos uma organização conceptual e cognitiva fundada sobre uma teia abstracta de natureza linguística ou, pelo menos, proto-linguística e, sobretudo, depois de nos vermos genérica, mas sobretudo, inevitavelmente, concordantes com tais teses, surge apesar de tudo, a interrogação relativa ao resto. Ou talvez relativa a dois restos: o resto da linguagem que não diz, não conhece, não pensa, não absorve, e o resto que a linguagem mascara, domina, inibe, monopoliza, condena. O indizível, escapando a todo o dito ("Todo o dizer deixa um resto, sintoma de um real inabsorsível"(1) ) e o não dizível, submerso em todo o dito (a "disseminação" de que fala Derrida (2)). "
(1) Eduardo Prado Coelho, Os universos da crítica, Lisboa 1983, pág. 458.
(2) Eduardo Prado Coelho, na mesma obra.
(continua)
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